Ao determinar a apreensão da cópia do filme, a juíza Katerine Jatahy Nygaard, da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, e o advogado Victor Travancas representando o partido, desrespeitaram um princípio elementar: o direito de escolha. Na ação acatada pela juíza, argumenta-se que "A Serbian Film – Terror Sem Limites" faz “verdadeira apologia a crimes contra criança e é um incentivo para práticas de pedofilia”.
Mentira, engodo de quem não assistiu ao filme. A última coisa que essa produção sérvia faz é defender a perversão infantil. O horror com que todos os acontecimentos são mostrados só leva ao choque, nunca à excitação. Miklos, o protagonista, entra numa espiral de loucura ao se perceber vítima de uma manipulação sádica que desafia os limites da humanidade. É este o cerne do longa: questionar, dentro do gênero terror, qual é o limite da depravação, especialmente numa Sérvia que presenciou atrocidades – reais, não cinematográficas – nas últimas décadas.
"A Serbian Film – Terror Sem Limites" é uma obra de ficção onde o diretor uso e abudo de coisas repugnadas pelas as pessoas como a pedofilia, tortura é considerado uns dos filmes mais polêmicos do mundo o filme que utilizou robôs ou manequins nas filmagens, o que permite interpretações diversas em torno dos artigos 240 e 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente, e de maneira alguma faz apologia a atos sexuais com crianças. Pelo contrárip, explicita a repugnância de tal ato.
A Petrini Filmes, detentora dos direitos de distribuição no Brasil, entrou com um recurso para recuperar a cópia, que foi negado. Na decisão, a desembargadora Gilda Maria Dias Carrapatoso argumentou que “não se pode admitir e permitir que, em nome da liberdade de expressão, cenas de extrema violência física e moral, inclusive, utilizando recém-natos sejam levadas ao grande público, vez que podem provocar reações adversas, às vezes, em cadeia, em pessoas sem equilíbrio emocional e psíquico adequado para suportar tais evidências de desumanidade”.
Mora aí um precedente sério que permitirá interpretações subjetivas quanto ao limite à censura. Justificar a apreensão do filme e vetar a exibição sob esse pretexto é o mesmo que dizer que o espectador não poderá assistir a Stallone Cobra porque ele submete suas vítimas a atos bárbaros, assim como Ninja Assassino. Ou, hipoteticamente, que Velozes e Furiosos deve ser censurado porque poderá provocar num espectador sem equilíbrio emocional o desejo de pegar seu automóvel e dirigir rebeldemente pelas ruas de sua cidade, colocando em risco a vida de outras pessoas.
Novamente, não se trata de defender esse ou aquele filme, mas o direito do cidadão escolher assistir ou não a essas produções que de maneira alguma cometem crime.
O mais sério é que poucos parecem ter se dado conta da gravidade desse ato censor. Até o momento, apenas a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), a Associação dos Roteiristas (AR), a Associação Brasileira dos Documentaristas (ABD), o Congresso Brasileiro de Cinema (CBC) e o Conselho Nacional de Cineclubes (CNC) se posicionaram ou contra o veto à primeira exibição ou à censura no Rio de Janeiro.
O medo é que, novamente sob o pretexto de proteger a população, a censura se espalhe. "A Serbian Film – Terror Sem Limites" teve sua cópia apreendida no Rio pela Justiça. Há um mês, Eu Não Quero Voltar Sozinho foi censurado num projeto educativo no Acre graças à pressão de lideranças religiosas.
Qual será o limite? Quem determina o “bom gosto” e o “mau gosto”? É exatamente o cerne do posicionamento da Abraccine: “Por esta nota, deixamos ainda claro que a Abraccine não está defendendo um trabalho ou um festival em específico, mas um princípio: o de um filme poder ser assistido e avaliado pelo espectador com liberdade”.
fonte:Cinemclick
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